
Na tarde desta segunda-feira (21), o vereador Jean Dornelas (PLS) realizou, na Câmara Municipal, uma audiência pública para tratar de assuntos relacionados a retirada dos trilhos de trem de dentro da área urbana de São José do Rio Preto.
A grosso modo, o vereador, respaldado por moradores e vereadores de outras cidades como o presidente da Câmara de Mirassol, Marcão Alves (PHS), e do vereador de Bady Bassitt, Airton da Silva Rego (PSDB), pedem que os trilhos sejam retirados de dentro das cidades para que a população possa ter melhor qualidade de vida e também descongestionar o trânsito, principalmente em horários de pico.
Dornelas usou matérias de acidentes anteriores para se respaldar sobre “a qualidade de vida das pessoas”, e uma pesquisa feita por ele em sua rede social, para saber da população de Rio Preto o que pensa a respeito da retirada dos trilhos da cidade em relação ao trânsito. Essa pesquisa, segundo números apresentados pelo parlamentar, apontam que 86% das pessoas querem a retirada dos trilhos.
Rodrigo Verardino de Stefani, gerente de Relações Governamentais da Rumo, esteve na audiência pública e respondeu aos questionamentos dos vereadores e de munícipes que se fizeram presentes. A primeira coisa mencionada pelo representante da concessionária é que a empresa tem total interesse na retirada dos trilhos do perímetro urbano rio-pretense.
“É um dos nossos principais projetos. Estamos com um processo de antecipação nas mãos do Tribunal de Contas da União e aguardamos um parecer para que possamos dar início a esse processo. O que não podemos fazer é precisar uma data de quando essas obras de transposição acontecerão”, destacou o gerente da Rumo.
Ainda de acordo com o representante da concessionária, estima-se que a mudança de trilhos fique em torno de 80 quilômetros. “Somente o EIA Rima (Estudo de Impacto Ambiental) vai demorar cerca de três anos e nós já estamos antecipando isso. Não queremos perder tempo, mas ainda dependemos da liberação do parecer do TCU, depois ainda precisamos ver qual o traçado mais viável para o projeto e só então vamos conseguir estabelecer um tempo para as obras e um valor”, salientou Stefani.
Essa ‘boa vontade’ da empresa alegrou o vereador Jean Dornelas. “É importante descobrirmos que a empresa tem vontade de resolver isso, ou seja, não é o Governo que pressiona a Rumo, mas são eles que têm esse interesse; mais interessante ainda é saber que a empresa já se antecipou em relação ao estudo de impacto ambiental e que vieram dar esclarecimentos a respeito do que está acontecendo”, frisou o vereador.
SEM TRENS EM HORÁRIOS DE PICO
Sobre essa questão, o vereador ressaltou que não vai abrir mão. “Ouvimos algumas críticas ao projeto e também elogios, 86% das pessoas são favoráveis a isso. Constava em nosso projeto, por exemplo, a obrigatoriedade de um plano de contingência, mas o Executivo Municipal já se adiantou e atendeu a esse requisito. Talvez façamos alguma emenda ao projeto, mas a restrição dos horários fica”, declarou.
Dornelas ainda destacou que o presidente da Câmara de Mirassol vai levar o projeto e deve apresentar algo semelhante na cidade. “É uma maneira política de pressionarmos as autoridade a darem andamento. Não vou retirar o projeto e, apesar das críticas, podemos melhorar o texto, mas a ideia é que coloquemos essa restrição; é um jeito de obtermos uma posição rápida e emergencial”, argumentou o vereador que salientou manter o projeto e considerá-lo constitucional, baseado no Artigo 144 da Constituição Federal, que resumidamente oferece mecanismos para que as cidades legislem sobre o trânsito dentro de suas dependências.
TEMPO PARA ISSO
A Rumo frisou que durante toda a audiência pública que, apesar de já terem adiantado os estudos de impacto ambiental, ainda é muito cedo para dar uma data. “Quando iniciarmos os estudos para o projeto, saberemos quantas pontes teremos que construir, quantos desvios, se vamos ter que movimentar terra ou não precisaremos fazer nada disso. É uma coisa que só o tempo vai dizer”, informou Stefani.
DUAS LINHAS?
Um morador chegou a questionar a empresa sobre o planejamento de logística que, em determinado momento, disse que posteriormente há interesse na colocação de ‘duas linhas’. “Seria interessante termos um trem entrando e um trem saindo, no entanto, é outro ponto em que não podemos dar nenhuma certeza. O mercado vai dizer se é viável ou não a implantação dessa segunda linha”, ponderou o gerente.
Resta agora que o Ministro Augusto Narde, do Tribunal de Contas da União, libere o parecer e que seja favorável à renovação do contrato da empresa que termina em 2028 e se estenderia até 2058.
ACIDENTES DE TREM EM RIO PRETO
Em março de 2017, um trem sofreu um descarrilamento parcial, atingindo casas e derrubando uma carga de soja, no entanto, o acidente que ainda está na memória do rio-pretense aconteceu em 24 de novembro de 2013, quando dez vagões carregados com milho caíram sobre casas na Rua Osvaldo Aranha com a Rua Presidente Roosevelt e Anísio José Moreira no bairro Jardim Conceição, matando oito pessoas.
Por Ygor Andrade